Ano 1, Número 4 - Fevereiro de 2009

 

Leia nesta edição:___________________________________________

Ítem 1Fórum Indígena 2009

Ítem 2Estatística e dimensionamento étnico

Ítem 3Notícias sobre andamento do Decreto Presidencial

Ítem 4Projeto CINDEI


Forum Indígena 2009.

Vivemos um momento estratégico para o avanço da obra missionária no Brasil, com cerca de 180 grupos indígenas ainda não alcançados, segundo dados do Instituto Antropos e Conplei (Conselho Nacional de Líderes e Pastores Evangélicos Indígenas), e tantos outros resistentes, com complicadores culturais, linguísticos e geográficos, onde muitos de nós temos questionado a eficácia de nossas próprias estratégias.

Cremos que é momento de avançamos, e que juntos podemos dimensionar desafios específicos e lançarmos mão de ferramentas estratégicas que nos auxiliem na melhor comunicação do evangelho, tornando-nos mais eficazes e efetivos.

O Fórum Indígena da AMTB é realizado bianualmente, e reúne representantes das agências, missionários, líderes indígenas e diversos nomes ligados ao trabalho missionário indígena no país. Além da comunhão, da troca de experiências e edificação mútua, tratamos de temas contemporâneos da questão missionária indígena, buscando juntos por respostas e orientações pertinentes aos nossos desafios comuns.

Esse ano o fórum terá lugar nos dias 15 a 18 de setembro, e nosso foco será nas áreas de informação e treinamento. Utilizaremos a belíssima propriedade da Organização Palavra da Vida em Caldas Novas – GO, na região Centro Oeste, de modo a facilitar o acesso do maior número possível de participantes. Vá preparando essa data, em breve enviaremos mais detalhes e informações.

Cassiano Luz
DAI AMTB

indigena@amtb.org.br

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Estatística e dimensionamento étnico.

Proposta para a sessão durante o fórum indígena  – 15 a 18 de setembro 2009 

As pesquisas étnicas têm caminhado de forma frutífera no movimento missionário evangélico brasileiro. Rinaldo de Mattos, Isaac Souza, Osvaldo Álvares, Ted Limpic, Enoque Faria, Paulo Bottrel, Richard Eger entre outros, desenvolveram com competência esta pesquisa que é levada adiante pelo Departamento para Assuntos Indígenas da AMTB.

Há, oficialmente, 227 etnias indígenas no Brasil espalhadas em quase todo o território nacional, 593 terras indígenas demarcadas e uma população aproximada de 700 mil indivíduos, entre indígenas aldeados e urbanizados. Cerca de 60% da população indígena brasileira habita a Amazônia Legal, composta pelos estados do Amazonas, Acre, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima, Tocantins, Mato Grosso e parte do Maranhão. A estimativa é que haja 350 mil índios vivendo em aldeamentos e aproximadamente o mesmo número em povoados, pequenas cidades e capitais.

Nenhum dado é conclusivo neste assunto visto a diversidade e dispersão étnica no Brasil. É importante, porém, dimensionarmos tanto o desafio entre os indígenas (em termos étnicos, lingüísticos, socioculturais e de evangelização) bem como falarmos uma “mesma língua” em relação aos números perante a Igreja Brasileira.

Os Não Alcançados

Ao redor do mundo o termo “não alcançado” normalmente tem sido usado para grupos não evangelizados, ou sem uma igreja local, ou ainda abaixo de uma porcentagem mínima de cristãos (entre 1% a 5%  dependendo da região). Há no Brasil indígena cerca de 100 grupos sem presença missionária, e  um número maior de grupos sem uma igreja local. Devemos pensar se consideraremos apenas os “sem presença missionária” como “não alcançados” ou se seguiremos os conceitos mais amplos sob o critério da evangelização e presença de uma igreja local. Nosso objetivo como AMTB, Depto Indígena,  deve ser definir o critério que nos ajude a dimensionar o desafio e divulgar de maneira uniforme tal realidade para a Igreja Brasileira.

Nossa proposta será seguir o conceito geral de povo não alcançado igualando-o àqueles que, possuindo ou não presença missionária, não possuem entre eles crentes locais e/ou igreja indígena local.  Julgo que este é um passo importante para ajudarmos a despertar a Igreja Brasileira para trabalhos que carecem de forte apoio e que não estão na lista principal de atenção.

O Dimensionamento Étnico

A percepção do dimensionamento étnico, porém, passa por diversos filtros que nublam uma estatística mais segura. Um destes filtros é a existência dos grupos ainda isolados, ou seja, etnias que habitam em áreas remotas e que possuem pouco ou nenhum contato com os demais segmentos indígenas ou não indígenas. Há 36 grupos listados nesta categoria, mas eles podem chegar a 52. Há também várias etnias tratadas de forma unitária, que na verdade são diversos grupos com distintas identidades socioculturais e lingüísticas. Um exemplo seriam os Yanomami, entre os quais há vários subgrupos que, pela similaridade externa, são aglutinados simplesmente como “Yanomami”, mas que compõem quatro etnias distintas. Por fim, há também os grupos ressurgidos, que, pela miscigenação com não-indígenas, perderam por algum tempo sua auto-identificação étnica e, por diversos motivos, hoje voltaram a solicitar seu reconhecimento como indígenas. São os grupos mais aculturados, por assim dizer, e somam quase quarenta em todo o território nacional. Alguns o fazem para terem acesso aos benefícios públicos do Estado; outros, movidos por um processo de valorização do ser indígena.

O Instituto Antropos, em parceria com o Departamento para Assuntos Indígenas da AMTB (Associação Missionária Transcultural Brasileira), já listou 345 diferentes etnias indígenas em nosso país. O verdadeiro desafio evangelístico entre elas ainda é inconclusivo. Porém, juntamente com o CONPLEI (Conselho Nacional de Pastores e Líderes Indígenas), tem-se dimensionado a ausência de uma igreja indígena em pelo menos 180 destes 345 grupos. Ou seja, há 180 etnias que a princípio poderíamos considerar não alcançadas, e cerca de 100 que, além de não alcançadas, também não possuem presença missionária. É de suma importância, porém, que tais dados sejam mais atualizados junto as organizações missionárias e CONPLEI: quem são, onde estão, como alcança-los.  Um esforço foi feito no CONPLEI 2008 mas há ainda áreas obscuras e sabemos que é uma longa caminhada.

A questão lingüística

Percebe-se que o universo indígena, bem como a sociedade não indígena, sofrem freqüentes e dinâmicas mudanças. Em todos os Estados, há um processo de migração indígena para os povoados ou cidades, motivado sobretudo pela possibilidade de melhor assistência à saúde, educação escolar para os filhos e acesso a elementos externos de subsistência, incluindo roupas, alimentos, entretenimento etc.

Há no Brasil 185 línguas indígenas, divididas em dois troncos maiores, o Tupi e o Macro-Jê, e ainda várias famílias não agrupadas em troncos. Cada tronco abriga várias famílias e cada família abriga várias línguas.  Destas 185 línguas, três possuem a Bíblia completa (Wai-Wai, Guarani-Mbyá e Guajajara) e 33 possuem o Novo Testamento completo. Há projetos de tradução da Bíblia em outras 51 línguas. Portanto, há ainda 97 línguas sem um projeto de tradução bíblica em andamento. Muitas destas línguas são faladas pelos mais velhos e a nova geração tende a usar mais e mais o Português. Outra parte são línguas onde há presença missionária mas sem um projeto de tradução ainda em andamento. Uma parte menor são as línguas faladas pelos grupos mais distantes e isolados, sobre os quais pouco se sabe.

O pesquisador americano Michael Kraus (Universidade do Alasca, em Fairbanks) afirma que 27% das línguas sul-americanas não são mais aprendidas pelas crianças. Isso significa que um número cada vez maior de crianças indígenas perde o poder de comunicação em uma língua indígena a cada dia. As razões vão desde a imposição socioeconômica às tribos mais próximas dos vilarejos e povoados até a falta de uma proposta educacional em língua indígena, o que os faz migrar para o português. Estima-se que, na época da conquista pelos portugueses, eram faladas 1.273 línguas. Ou seja, perdemos 85% de nossa diversidade lingüística em 500 anos. Estudiosos afirmam que há uma crise sociolingüística no estado de Rondônia, onde 65% das línguas estão seriamente em perigo por não serem mais usadas pelas crianças e por terem pequeno número de falantes.

Este é sem dúvida um assunto estratégico quanto a comunicação do evangelho que passa por mecanismos de oralidade, tradução formal (escrita) das Escrituras, gravações das Escrituras e assim por diante. Há muitos grupos indígenas que, na próxima geração, talvez não possam mais ser evangelizados em sua língua tradicional mas sim em Português.

Informações e Debate

O fórum indígena 2009, portanto, se propõe a, entre outros temas, expor toda a informação coletada até o momento com os primeiros pesquisadores do banco de dados, missões, CONPLEI, pesquisadores independentes e ONGs, bem como debater sobre as categorizações a serem utilizadas e o dimensionamento estratégico do cenário indígena brasileiro. Favor trazerem suas idéias e propostas, bem como dados, para podermos ter uma boa sessão que desemboque em passos práticos para o nosso presente momento. Nosso objetivo é também encerrar o fórum com uma estatística oficial da AMTB e conseqüente divulgação destes dados e desafios.

Obrigado por participarem conosco.

Ronaldo Lidório
Organizador da sessão

ronaldo.lidorio@terra.com.br

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Noticias sobre andamento do Decreto Presidencial.

Em relação ao decreto presidencial que visa regulamentar a entrada de organizações em áreas indígenas (link: saiba mais), informamos que recebemos correspondências do gabinete do Deputado João Campos, presidente da Frente Parlamentar Evangélica, dando conta de que a Frente recebeu um expediente da Casa Civil, da presidência da República, o qual informava que o Projeto de lei, recebido em dezembro, foi devolvido ao Ministério da Justiça a fim de possibilitar mais debates sobre o tema. 

Vemos este primeiro resultado como intervenção de Deus, após a mobilização que foi feita em dezembro, tanto pelos irmãos que nos acompanharam à Brasília quando entregamos os manifestos da AMTB e do CONPLEI em defesa da permanência das missões em áreas indígenas aos deputados evangélicos, como pelos que se mobilizaram divulgando e orando em todo o Brasil.

Nossa expectativa agora é que o assunto venha a consulta popular, a ser conduzida pelo Ministério da Justiça. Devemos continuar orando, e atentos a outras oportunidades de participação com sugestões, comentários etc. Uma dica é ficarmos atentos ao site do Ministério da Justiça - www.mj.gov.br.

Qualquer dos irmãos que queira participar desta forma, pode fazê-lo diretamente a nós, no Departamento para Assuntos Indígenas da AMTB – indígena@amtb.org.br, que saberemos a quem encaminhar.

Estamos acompanhando, e assim que houver agendamento da consulta popular, faremos nova divulgação.

Rocindes Corrêa
DAI AMTB

indigena@amtb.org.br

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Projeto CINDEI - Centro Integrado de Desenvolvimento Indígena.

O CONPLEI - Conselho Nacional de Pastores e Líderes Evangélicos Indígenas, que tem na presidência o pastor Henrique Terena, tem acalentado o projeto de construção de um centro de treinamento para os povos indígenas da região amazônica, oferecendo cursos em áreas estratégicas como antropologia, lingüística, cursos profissionalizantes entre outros. O projeto é uma parceria da igreja indígena com as agências missionárias, ongs, fundações, e outras igrejas co-irmãs.

Foi dado um passo de fé, com a compra de uma propriedade de 114 hectares em Iranduba, região de Manaus, no valor de R$ 75.000, dos quais R$ 19.000 já foram pagos. Queremos convocá-lo para unir-se a nós em oração pelo suprimento do restante deste valor (R$ 56.0000). Caso sinta-se desafiado a contribuir com esse esforço, por favor entre em contato conosco.

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AMTB - Associação Missionária Transcultural Brasileira – é formada por 32 Agências Missionárias Brasileiras as quais representam mais de 50 denominações evangélicas em nosso país.

Boletim Departamento Indígena AMTB Nº 04 - Fechamento: 26/02/2009

Coordenação Editorial:


» Cassiano Batista da Luz

» Edward Gomes da Luz
» Rocindes Corrêa
» Ronaldo Lidório