Notamos que Deus está produzindo um novo mover do Seu Espírito no seio da Igreja brasileira, à medida que nos aproximamos de um novo milênio. Esse mover do Espírito é tão grande que algumas pessoas o entendem como uma segunda Reforma. A primeira Reforma, deflagrada por Martinho Lutero, tinha a ver com a justificação pela fé e com a salvação individual. A segunda Reforma celebra e desenvolve a alegria de sermos salvos a nível coletivo; salvos para, reciprocamente, vivenciarmos a alegria da vida em Cristo.
Sem querer parecer presunçoso observo, pelo menos, cinco grandes expressões desta onda no Brasil nos últimos anos. São elas:
1) O movimento de grupos familiares iniciado por Paul Yonggi Cho;
2) Os movimentos de discipulado e de comunidades cristãs que começaram a surgir na década de 80 com forte influência de Juan Carlos Ortiz, Jorge Himitian, e outros líderes argentinos.
3) A Rede Ministerial com ênfase sobre equipes de ministério na igreja, liderada por Armando Bispo e a Primeira Igreja Batista Regular de Fortaleza;
4) A Igreja em Células liderada por Roberto Lay e a Igreja Menonita de Curitiba; e
5) A atuação da Sepal, especificamente através do MAPI (Ministério de Apoio para Pastores e Igrejas), liderado por mim.
Deus está agindo de forma sobrenatural para trazer à Sua Igreja um avivamento nos relacionamentos, permitindo que ofereçamos esperança em um mundo com relacionamentos cada vez mais quebrados, de famílias mais dispersas e casamentos frágeis e divididos.
Com os valores da família em queda, com a perda de relacionamentos saudáveis, e a necessidade gritante das pessoas redescobrirem o amor e, como amar, Deus está levantando o que considero uma segunda Reforma, em Sua Amada Igreja por meio de grupos pequenos saudáveis. Na minha visão, hoje, existem quatro tipos de igrejas:
A. A igreja sem grupos pequenos (células, grupos familiares pastorais, koinonias, igrejas nos lares). Este tipo de igreja, que não experimentou a tal Reforma, continua baseando-se em programas. Nas palavras de Ed René Kivitz, "mantêm o paradigma", ou seja, o modelo de uma igreja baseada no culto, no domingo, no clero e no templo.
B. A igreja com grupos pequenos. Baseiam-se ainda em programas, mas incluem os grupos pequenos como um desses programas, como uma "boa opção" entre muitas na "mesa de self-service" que os crentes podem desfrutar.
C. A igreja em células. Este modelo de igreja que se baseia no desenvolvimento de células, sendo estas, o seu coração. Neste caso, cada pessoa é membro da igreja apenas se for membro de uma célula e todas as estruturas da igreja servem às células.
D. A igreja de células. Eis uma igreja que encoraja e chama cada pessoa a ser membro de uma célula ou grupo pastoral, mas que entende que existem diferentes tipos de grupos pastorais para as diversas necessidades das pessoas. No MAPI indicamos três tipos de grupos pastorais: 1) o grupo de discipulado para o treinamento de liderança, 2) o grupo de apoio para pessoas enfrentando dificuldades além de sua capacidade para resolvê-las e 3) o grupo familiar pastoral - a célula básica para a maioria dos membros.
Qual destes quatro modelos sua igreja adota? Você sente o mover do Espírito nessa opção? Na sociedade urbana massificante, como na igreja dominada por programas, poucas pessoas experimentam relacionamentos profundos capazes de trazer alegria, significado, e apoio para suas vidas. A alegria de estarem juntos e de compartilharem suas vidas foi uma das caraterísticas marcantes da Igreja Primitiva. "Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava todos os dias os que iam sendo salvos" (At 2.46, 47 - NVI). Se vamos continuar oferecendo verdadeiramente Boas Novas ao mundo, precisamos redescobrir e restaurar esse estilo de vida.
Permita-me sugerir, de forma sucinta, sete chaves para uma igreja saudável.
1. O Pastoreio do Pastor: Cada pastor(a) precisa de um grupo pequeno, composto de pastores e cônjuges, que se reúnam para apoiar e encorajar o desenvolvimento de suas vidas e ministérios. Sem o estímulo e a prestação de contas que o pastoreio de pastores prove, o pastor tende a estagnar e tornar-se vulnerável à tentação, à tirania do urgente e ao não-ser "ensinável".
2. Equipe Pastoral: Constituída de três a seis pessoas que atuam conjuntamente com o pastor; compõe a liderança principal da igreja. Essa equipe tem a função de dar apoio ao pastor e de auxilá-lo na condução do rebanho a execução dos objetivos segundo a visão da igreja. Os membros da equipe pastoral se reúnem periodicamente para avaliações e planejamento, bem como, para o apoio mútuo e desenvolvimento do caráter. Espera-se que os membros dessa equipe sejam modelos para os demais membros da igreja. Não que sejam perfeitos mas, exemplos, da maneira como se empenham em buscar a perfeição (Fp 3.10-17).
3. Grupos de Discipulado: Estes grupos dão cobertura pastoral e treinamento para os líderes atuantes e os líderes em potencial da igreja, como foi no ministério de Jesus. Nesse grupo as pessoas aprendem as disciplinas básicas de um discípulo (e líder), aproximando-se mais de Jesus, tornando-se mais como Ele e ouvindo melhor Sua voz.
4. Grupos Familiares Pastorais: Cada membro da igreja deve procurar participar deste grupo, caso não esteja em um dos outros tipos de grupos pastorais (discipulado ou apoio). Este grupo é onde a Igreja se torna real na vida pessoal dos membros. É aqui que os dons de cada um funcionam, o amor e a comunhão cristã fluem, as pessoas têm o ambiente para crescimento verdadeiro, onde o cuidado pastoral se torna uma realidade e a igreja cresce numericamente através do evangelismo e da integração dos novos convertidos. Jovens e adolescentes podem ter seus grupos específicos.
5. Grupos de Apoio para Pessoas Feridas: A maioria das pessoas nas igrejas tem sofrido traumas, ou feridas significativas em suas vidas e, de uma forma ou de outra, vivem com seqüelas de problemas emocionais. Os grupos de apoio são para as pessoas que têm problemas difíceis de serem superados. As pessoas que se comprometem com esses grupos e perseveram experimentando a cura emocional que Jesus oferece, geralmente, vêem suas vidas transformadas, tornando-se membros e líderes da igreja, capacitados para servir com verdadeiro amor.
6. Equipes de Ministério: Cada pessoa é um ministro com dons e chamado divinos. Sozinhas, as pessoas fazem relativamente pouco para o Reino. Ao tornarem-se membros de um grupo pastoral, cada um deve ficar atento à paixão que surgirá por estarem servindo e amando às pessoas, revelando assim o seu chamado. A liderança pastoral deve ficar atenta às pessoas que demonstram o dom (e unção) de liderança, sendo pessoas-chaves para o começo de novas equipes de ministério. Líderes de equipes de ministério, normalmente, não devem também ser líderes de grupos pastorais.
7. Cultos Participativos e Transformadores: A grande celebração semanal é fundamental para manter a unidade do corpo e permitir que Deus Se comunique e Se manifeste para todos em conjunto. Deve haver momentos de comunhão, na primeira parte e ao final do culto, para as pessoas se sentirem ligadas umas às outras. As duas partes principais do culto (adoração e mensagem) devem ser dedicadas à manifestação de Deus. A adoração precisa fluir de tal forma que as pessoas entrem na presença de Deus, abrindo seus corações e sentindo o coração dEle. A mensagem precisa fluir do coração, tanto de Deus como do pregador, levando as pessoas a responderem a Deus de alguma forma.
(53 leituras)
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